Espiritualidade, Minha caminhada, Oração

Jesus está no mundo

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Henri Nouwen

As bem-aventuranças nos oferecem um auto-retrato de Jesus. No começo, pode parecer um retrato muito desagradável – quem quer ser pobre, de luto e perseguido? Quem pode ser verdadeiramente gentil, misericordioso, puro de coração, um pacificador e sempre preocupado com a justiça? Onde está o realismo aqui? Não temos que sobreviver neste mundo e usar os caminhos do mundo para fazer isso?
Jesus nos mostra o caminho para estar no mundo sem ser assim. Quando modelamos nossas vidas nele, um novo mundo se abrirá para nós. O Reino dos Céus será nosso, e a Terra será nossa herança. Seremos consolados e teremos o nosso preenchimento; A misericórdia será mostrada para nós. Sim, seremos reconhecidos como filhos de Deus e veremos verdadeiramente Deus, não apenas em uma vida após a morte, mas aqui e agora (ver Mateus 5: 3-10). Essa é a recompensa de modelar nossas vidas na vida de Jesus!

Cidadania, Espiritualidade, igreja, Minha caminhada, teologia

“Os evangélicos não são todos iguais”

Entrevista concedida por mim no ano passado para o Diário do Centro do Mundo e fala sobre a diversidade no mundo evangélico, a bancada religiosa e o discurso de ódio dos fundamentalistas.

Até que ponto Marco Feliciano representa o pensamento dos evangélicos?

Os evangélicos não são todos iguais. Há muitos de nós que não concordamos com a maneira como Marco Feliciano opera. Ele se utiliza de um discurso odioso e agressivo. Nós desejamos o debate, mas considerando o direito do outro a fazer suas escolhas. Eu faço parte de um grupo que crê que todo ser humano é alcançado pela graça de Deus. Por mais pecadores que sejamos, Jesus olha para as pessoas em sua essência.

Qual o papel da bancada evangélica?

Nós não precisamos da política. A igreja não precisa de defesa. Ao invés de defender os evangélicos, é melhor defender o povo como um todo. Fazer com que a sociedade não vire um terreno de discussões belicosas. A gente quer estar sintonizado com Deus e com Jesus. O Feliciano espalha o ódio. Nós não vamos ficar parados.

O Evangelho não endossa esse tipo de postura. Aprendemos a não agredir e a oferecer a outra face. Tocar os que estão à margem. Não podemos estar mancomunados com o poder ou com um projeto de poder. Nosso projeto é de serviço, de servir o outro. Não se trata de dominação e controle.

Além do mais, os interesses não estão claros. Por que esse ataque ao PT agora, se eles fazem parte da base aliada do governo? O que eles vão ganhar com isso? O discurso do ódio só interessa para quem quer semear temor e pânico. Pessoas tomadas pelo pânico não pensam direito.

Por que há pastores evangélicos que  falam tanto em dinheiro?

Essa leitura teológica do Feliciano é equivocada. Pastores como ele têm uma posição privilegiada. Ele é um “homem de Deus”. A fixação pelo dinheiro tem a ver com a Teologia da Prosperidade, criada por religiosos americanos. Eles precisam ter um estilo de vida condizente com o que pregam: avião, carro importado etc.

Mas há igrejas evangélicas na periferia, na cracolândia, nas favelas. Isso não está na mídia. Boa parte do que aparece sobre os evangélicos na mídia é por causa desses caras. Dá essa ideia de que todos funcionamos da mesma forma.

O Brasil precisa tratar de forma mais responsável os direitos humanos. Temos de superar problemas com relação ao índio, à mulher, à criança. Temos membros filiados a partidos, mas fazemos questão de manter nossa isenção. Não queremos fazer parte de bancada evangélica.

Existem homossexuais na sua igreja?

Não sei se há homossexuais na minha igreja. Se tem, a gente não sabe… Mas entendemos que não se pode entrar no joguete da política do ódio e da perseguição. A perspectiva da negação do outro não pode existir. Não podemos impor uma agenda de santificação. Acredito piamente que nosso dever é fazer o bem, dar amor e pregar o evangelho.